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2015-08-24

Cosmogonia - Jorge Luís Borges



Nem treva nem caos. A treva
Requer olhos que veem, como o som.

E o silêncio requer o ouvido,
O espelho, a forma que o povoa.

Nem o espaço nem o tempo. Nem sequer
Uma divindade que premedita

O silêncio anterior à primeira
Noite do tempo, que será infinita.

O grande rio de Heráclito o Escuro
Seu irrevogável curso não há empreendido,

Que do passado flui para o futuro,
Que do esquecimento flui para o esquecimento.

Algo que já padece. Algo que implora.
Depois a história universal. Agora.


(Tradução de Héctor Zanetti)

Jorge Luís Borges Acevedo (n. Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 — m. Genebra, 14 de Junho de 1986)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Soneto do Vinho
Arte Poética
The Art of Poetry
Do que nada se sabe
Limites;
O Mar


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